O caso Lindbergh
Charles Augustus Lindbergh ficou famoso por ter sido o primeiro aviador a sobrevoar o oceano Atlântico sem escala, partindo de Nova Iorque no monomotor Spirit of St. Louis e chegando a Paris, 33 horas depois, em 21 de Maio de 1927.
Quase cinco anos depois, os jornais voltavam a falar de Lindbergh, mas, desta vez, em razão de um triste e terrível acontecimento: o sequestro do seu filho, Charles, de vinte meses de idade.
Entre oito e dez horas da noite do dia 1º. de março de 1932, a criança foi sequestrada do seu quarto no segundo andar. O sequestrador deixou um bilhete exigindo resgate de 50 000 dólares e, próximo à casa uma escada artesanal, de madeira, e um cinzel.
O bilhete dizia “Dear Sir! Have 50,000$ redy 2500$ in 20$ bills 1 5000$ in 10$ bills and 10000$ in 5$ bills. After 2-4 days we will inform you were to deliver the Mony. We warn you for making anyding public or for the polise the child is in gut care. Indication for all letters are signature and 3 holes.”
Os erros de ortografia, indicavam que o autor do bilhete não dominava bem o idioma inglês e a palavra “gut” ao invés de “good” já era uma primeira indicação de que poderia ter sido escrito por alguém que falava alemão.
O resgate foi pago, em notas marcadas, por intermédio de um professor chamado John Condon, acompanhado de Lindbergh, ocasião em que o raptor entregou um bilhete dizendo que a criança se encontrava a bordo de um navio, em Massachusetts.
Lindbergh sobrevoou a área, nos dias seguintes, sem conseguir localizar tal navio. Em 12 de Maio de 1932, decorridos mais de dois meses, o cadáver da criança foi encontrado a algumas milhas da casa de Lindbergh, verificando-se que morrera em consequência de traumatismo craniano.
Ao fim de mais de dois anos, rastreando a distribuição das notas marcadas, a polícia chegou a um suspeito, Bruno Richard Hauptmann, carpinteiro de naturalidade alemã, residente no Bronx, em cujo poder foram encontrados 14 000 dólares do dinheiro do resgate, escondidos na garagem de sua casa.
Mais tarde, descobriu-se que a escada, encontrada na residência dos Lindbergh, teria sido feita com a madeira do sótão de Hauptmann e o Prof. Condon, o reconheceu como a figura a com sotaque alemão a quem teria entregue o resgate.
Os bilhetes com pedido de resgate foram apresentados no tribunal. O perito indicado pela defesa, não convenceu e a acusação apresentou sete peritos que apontaram fortes semelhanças gramaticais, ortográficas e caligráficas com manuscritos de Hauptmann.
Condenado à morte, Bruno Richard Hauptmann foi executado na cadeira elétrica no dia 3 de Abril de 1936, sem jamais ter admitido a autoria do crime. Até hoje muitos peritos questionam os laudos grafotécnicos que incriminaram Hauptmann e defendem sua inocência.